MARCO ANTONIO POÇO
( Brasil – Rio de Janeiro )
Nasceu no Rio de Janeiro, em 1961.
Formado em Filosofia e Ciências Humanas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, foi professor universitário.
Autor de histórias infantis, participou da antologia O conto se o dono do conto (1987, organização de Heli Samuel e Hélio Moraes).
Faleceu no Rio de Janeiro, em 1990.
Obra poética: Dimensão da transparência (1986).
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ROTEIRO DA POESIA BRASILEIRA anos 80. / direção Edla van Steen; seleção e prefácio Ricardo Vieira Lima. São Paulo: Global, 2010. (Coleção Roteiro da Poesia
Brasileira) ISBN 978-85-260-1155-7 No. 10 317
Exemplar da biblioteca de Antonio Miranda
OLHOS NA ESCURIDÃO
Estava, ele, na minha frente —
ao alcance de alguns passos —
sentado no asfalto negro daquele pequena rua, sem
[saída,
envolvido pela escuridão da noite.
Um gato negro.
Seus olhos verde-amarelados brilhavam,
atraindo minha atenção.
Meu olhar fixo naqueles olhos
que pareciam me olhar.
O gato — negro —
no asfalto — negro —
na noite — negra —,
e seus olhos brilhando
soltos na escuridão.
Porém, agora sei,
o mistério não estava naqueles olhos,
nem na noite que os cercava;
mas em mim,
em meus olhos que viam mistério.
Dimensão da transparência (1986);
CIÇA
Patrícia,
que com carinho chamo Ciça.
Ciça... Ça-ci..
Saci!
Olha o Saci, Ciça,
saltando em minha mente!
Patrícia,
te chamo Ciça.
Ciça...
Cicinha, menininha de narizinho fino,
a cigarra que ´cê´ouviu cantar quando chovia
cantou para ti.
Ibidem
SETA
Seta certeira aguda fura
superfície rígida
A ideia-colmeia-senso-comum
formada, destroçada.
A certeza mais bela,
tão certa de sua existência,
tão boa de acreditar;
seta aguda certeira fura
superfície rígida
Ibidem
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Página publicada em abril de 2025.
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